O Dia da Família na Escola de Bernardo e Catarina
Na pequena cidade de Santa Eulália, onde as ruas de paralelepípedos ainda guardam o som das risadas das crianças e o cheiro de pão saindo do forno da padaria da dona Rita, o Dia da Família na Escola Municipal Esperança era um dos eventos mais esperados do ano. Bernardo e sua irmã Catarina, alunos do 4º e 2º ano, acordaram naquele sábado com o coração batendo forte e um brilho nos olhos que só um dia muito especial poderia provocar.
A escola, enfeitada com bandeirinhas de papel colorido, parecia uma casa de festa. No portão, a diretora Dona Amélia recebia cada família com um sorriso aberto e um abraço acolhedor, como quem conhece cada história por trás de cada aluno. Os murais estavam repletos de desenhos feitos pelas crianças: famílias retratadas com amor, animais de estimação, casas com jardins e céus azuis cheios de sol.
Bernardo correu para a quadra, onde aconteceria a abertura oficial com a apresentação da turma dele. Ensaio atrás de ensaio, ele sabia sua fala de cor: “Família é onde começa o amor e nunca termina.” Quando ele disse isso em voz alta, olhando para os pais sentados nas cadeiras enfileiradas, sua mãe enxugou os olhos discretamente.
Catarina, mais tímida, esperava ansiosa pela exposição das atividades da sala dela. Os cadernos estavam abertos em cima das mesas, com trabalhos de colagem sobre "Quem cuida de mim". Seu desenho mostrava o avô plantando feijão e a avó bordando em uma cadeira de balanço. Era simples, mas tocava fundo no coração de quem via.
Depois das apresentações, as famílias foram convidadas para o piquenique no gramado do pátio. As toalhas xadrez foram estendidas sob a sombra das mangueiras, e logo surgiram cestas com bolo de milho, suco de acerola, pão caseiro, empadão de frango e aquele cheiro inconfundível de café coado na hora. Professores se misturavam com os pais, conversando sobre a vida, os filhos e as lembranças de quando eles mesmos eram alunos ali.
Dona Ana, professora de Artes, organizou uma oficina de pintura em tela para crianças e adultos. Bernardo pintou um sol sorrindo enquanto o pai fazia uma casa com telhado vermelho. Catarina preferiu carimbar suas mãos com tinta verde ao lado da mãe, que ria ao tentar manter os dedos limpos — sem sucesso. O momento era de união, aprendizado e afeto.
Na sala de leitura, as crianças puderam ler livros para os familiares. Catarina escolheu um livro de parlendas e leu alto para o avô, que a ouvia com o mesmo encantamento de quem escuta uma história pela primeira vez. Ao lado deles, Bernardo explicava para a tia como funcionava o sistema de empréstimos da “Biblioteca dos Sonhos”, como a escola chamava carinhosamente aquele espaço.
Mais ao final da tarde, houve uma roda de música. O professor Zé Luiz tocou violão, e os alunos cantaram canções sobre amizade e família. Algumas mães se levantaram para dançar com os filhos, e até alguns pais mais envergonhados bateram palmas no ritmo da música. Era uma festa simples, mas cheia de significado.
Antes de irem embora, cada criança recebeu um envelope com uma mensagem escrita pela família. Quando Bernardo abriu o seu, leu: “Você nos enche de orgulho. Obrigado por ser esse menino especial.” Catarina ganhou um bilhete com um desenho de coração e a frase: “Você é nosso amor em forma de gente.” Eles guardaram os papéis com cuidado, como quem guarda um segredo precioso.
O Dia da Família terminou com um pôr do sol alaranjado, desses que só se vê nas cidades do interior. Bernardo e Catarina voltaram para casa de mãos dadas, com os pés cansados, mas o coração leve. A escola havia se transformado, por um dia, no lar de todos. E ali, entre paredes de tijolos e janelas de madeira, a família e a educação se deram as mãos.
Interpretação do texto
1. Qual é o título da crônica e o que ele nos antecipa sobre o conteúdo do texto?
2. No trecho “...com o coração batendo forte e um brilho nos olhos que só um dia muito especial poderia provocar”, qual é o efeito dessa linguagem para o leitor?
a) Mostrar medo dos personagens
b) Indicar que o dia seria triste
c) Criar expectativa e emoção
d) Apresentar um problema que será resolvido
3. A crônica descreve um fato real ou fictício? Justifique sua resposta com base nas características do gênero.
4. Releia o trecho: “...a diretora Dona Amélia recebia cada família com um sorriso aberto e um abraço acolhedor…”. Essa frase expressa:
a) Uma opinião sobre a diretora
b) Um fato científico
c) Um problema escolar
d) Um julgamento negativo
5. Qual foi a causa de a mãe de Bernardo enxugar os olhos discretamente durante a apresentação do filho?
6. Explique com suas palavras por que o evento do Dia da Família é importante para a comunidade da escola.
7. Assinale a alternativa que representa uma opinião presente na crônica:
a) “A escola foi enfeitada com bandeirinhas coloridas.”
b) “Os murais estavam repletos de desenhos feitos pelas crianças.”
c) “A escola havia se transformado, por um dia, no lar de todos.”
d) “Cada criança recebeu um envelope com uma mensagem.”
8. Que elementos da crônica indicam que a história se passa em uma cidade do interior?
9. O que o autor quis dizer com a expressão “...guardaram os papéis com cuidado, como quem guarda um segredo precioso”?
10. Quais são as principais características do gênero “crônica” presentes nesse texto? Marque a alternativa correta:
a) Textos longos com capítulos e personagens fictícios.
b) Linguagem formal e científica com dados numéricos.
c) Texto breve, com linguagem leve, cotidiano e opinião do autor.
d) Relato de um fato histórico com linguagem jornalística.